Hoje celebra-se o Dia Mundial do Animal, data relevante em que se pretende destacar a causa, condição e bem-estar dos animais. A efeméride celebra-se desde 1925 e, decorridos quase 100 anos, ainda há muito caminho para percorrer quando se fala de respeito por seres inocentes que continuamos a tratar como nossos inferiores.
Num mundo perfeito já teríamos entendido que, tal como diz o tema das celebrações deste ano, O mundo também é a casa deles! Na parte que me toca, a minha casa também a casa deles – dos gatos.
Apercebi-me de que não falo dos patudos cá de casa há muito tempo. Apresentei-vos a Matilda e o Panzer (que partiu há 1 ano e deixou-nos com tantas saudades). No Instagram, vou falando do resto da bicharada, mas nunca deixei o merecido registo aqui no blog.
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Sou mãe de quatro gatos
É preciso andar um pouco para trás para explicar como a coisa se deu.
Depois de termos adoptado o Panzer porque queríamos, podíamos e porque nos pareceu que a Mati precisava de companhia para ver se ganhava algum juízo, achávamos que seria impossível dar um lar a mais bichanos. Se eu não tivesse desaparecido do blog intermitentemente por anos a fio (alô, saúde mental, que andou na penúria também em parte pelo que vos vou contar já de seguida), era bem possível que aqui tivesse partilhado que o Panzer foi desde quase sempre alvo de cuidados de saúde especiais.
Cedo começaram as chatices com os xixis e os rins, resultando num diagnóstico de FLUTD – para quem não sabe do que se trata, sorte a vossa e deixo-vos aqui um bom artigo sobre o tema. Houve internamentos, houve tratamento crónico, houve uma casa semi-destruída pelo constante cheiro a xixi de gato (por mais que se limpasse, sim), houve muito desgaste, mas também houve muito mimo. Eu adorava o meu gato. O prognóstico agravou-se muito durante o primeiro confinamento da pandemia, em 2020. Se foi complicado para os humanos, imaginem como foi para os gatos…
Como diziam os Queen, The Show Must Go On, e seguimos on. Todujuntos mais a Mati e o Panzer, imersos nesta realidade que parecia um filme de ficção científica. Corria o ano de 2022 e, como se o drama que vivíamos não fosse suficiente, iniciou a guerra na Ucrânia. Mais uma desgraça, que resultou na deslocação de muitas pessoas (e os seus animais de estimação) para sítios de paz e esperança. Vá-se entender porquê, largaram uma gata felpuda aqui na vizinhança. Entre vários foge e apanha, a bichinha veio parar à porta do meu apartamento e eu deixei-a entrar. Confirmou-se que tinha chip, é gata refugiada fina e os antigos donos, saberá Deus o motivo, fizeram-se alheios à situação. Baptizou-se, pois, a gata.
Entrou cá em casa para não mais sair, a minha Tigerlily. É uma gata super dócil que elegeu a Teresa como a sua humana favorita. Deu-se bem com os dois felinos que já habitavam por aqui, mas nunca suportou as tentativas de brincadeira do Sr. Panzer. Tal como as pessoas, os gatos também têm personalidades distintas e nisto das relações interpessoais não temos de gostar todos uns dos outros.
Dois é bom, mas três não estava a ser assim tão insuportável. Ficou composta a santíssima trindade gatuna, ou assim pensávamos.
Vieram as férias de 2023 e, com elas, a convivência excepcional com os gatos do quintal em Mação. Normalmente, estes gatos de campo não costumam gostar de proximidades. Neste ano, 11 gatos (4 adultos e respetivas ninhadas) que marcavam presença assídua à hora das refeições. De todos eles, destacava-se o gato mais pequenino, preto e curioso, que era tratado pelos seus semelhantes como o mais fraco, mas que se aproximava dos humanos e da cadela labrador dos meus pais, a Nina.
Os outros gatos não o deixavam comer, mas ele rapidamente entendeu que os humanos e a Nina lhe podiam dar o espaço e atenção de que necessitava. Como é que eu viria embora sem o trazer, sabendo que poderia não ter um destino fabuloso assim que regressássemos à cidade? Pois, não consegui e foi assim que o apagãozinho mais fofo, o meu gato preto da sorte, o Ozzy, veio morar cá para casa.
De 3, passámos para 4. De 4, passámos para 3.
Os 3 gatos adultos que já cá estavam adoraram o petiz. Até o Panzer, sensível, estava visivelmente feliz por finalmente ter um mano para brincar. Os meninos passaram a ser a sombra um do outro. Inesperadamente, nem um mês depois da chegada do Ozzy, o Panzer voltou a ter um episódio muito grave de doença que não conseguimos reverter e acabou por deixar-nos cerca de 3 semanas depois. Foi duro e foi das piores experiências que já vivi, ficar sem o meu gato. Apesar da curta convivência, o Ozzy mostrou-se muito triste com a partida do amigo que o estava a ensinar a ser gato.
Só nesta altura é que nos apercebemos de tudo o que não era normal e que se passava na nossa casa e nas nossas vidas em virtude da doença do Panzocas. Deixei de ter de cobrir sofás e cadeiras com plásticos, de lavar chão e mobílias várias vezes ao dia (e noite), de encontrar xixis (e sangue) em sítios insólitos. Face a este balanço, considerámos que ficou provado que conseguíamos ser família para quatro gatos. Como quem não quer a coisa, começámos a mentalizar-nos de que mais dia, menos dia, traríamos mais um miau.
Curiosamente, faz hoje um ano que a Tânia me mostrou um gatinho, mais ou menos da idade do Ozzy, que tinha acolhido temporariamente com o intuito de o tirar da rua. Foi imediato: disse-lhe que o assunto estava tratado e que a casa do pequerrucho seria aqui. Voltámos a ter 4 gatos com a chegada do Sonny. Se não tivessem o aspeto oposto um do outro, pensar-se-ia Ozzy e o Sonny são manos da mesma ninhada. Não se largam.
Para rematar: não, não tivemos cá coisas de apresentações e introduções. Os gatos foram chegando e convivendo livremente pela casa. Temos 4 comedouros e bebedouros juntos, que eles utilizam ordeiramente. Já tivemos muitos areões espalhados pela casa, mas os marqueses utilizam sempre os mesmos dois, um para xixis, outro para cocós. Estas informações são recebidas com algum espanto quando as partilhamos, mas é a nossa experiência.
Enquanto a vida não me permite acolher mais animais, sou feliz com estes 4 estarolas que tornam o meu mundo num sítio melhor e que são mais família do que muita família.