Espero vir a tempo de discutir o que aconteceu no passado dia 5 de Novembro, quarta-feira. Se bem se lembram, esse dia foi marcado pela suposta greve dos alunos do Ensino Secundário. Segundo as informações que me chegaram aos ouvidos, a dita greve deveu-se ao descontentamento dos estudantes em relação ao novo estatuto do aluno e ao regime de faltas (basta pesquisar no site do Ministério da Educação para descobrir as mudanças). Provavelmente, alguns de vocês vão ficar surpreendidos com a posição que tomei em relação a tal assunto: eu, que sou contestatária e gosto de lutar pelos meus direitos, não me manifestei.
É verdade que não concordo com o que se está a passar no nosso país nas escolas, tanto ao nível que me afecta directamente enquanto aluna, como ao nível dos professores. Por outro lado, também sou contra as manifestações mal feitas. Digo que este foi um protesto furado porque, em primeiro lugar, os motivos da greve não foram assim tão bem divulgados quanto isso e cheguei, inclusive, a ouvir respostas inconclusivas (como “hum, pois, fazemos greve porque isto está mal!”) quando tentei esclarecer-me. Depois, houve outra coisa que me surpreendeu pela negativa: muitos dos meus colegas que disseram ser contra o novo regime de faltas nem sequer sabiam quais eram as alterações mais notáveis em relação ao regime de faltas anterior. Custou-me ver, por exemplo, na televisão, alunos que se queixavam quanto ao facto de não poderem ir, sequer, ao funeral de um familiar, quando isso não é verdade, visto que uma das excepções à contagem das faltas é o falecimento de parentes (bem como o nascimento de filhos ou irmãos, comparecimentos no tribunal ou actividades onde se esteja a representar o país). Por último, não gosto de constatar que a maior parte dos alunos fez greve simplesmente para faltar às aulas! E que muitas das pessoas que não queriam manifestar-se desta forma, apesar de mostrarem igual desagrado pelo polémico estatuto do aluno, foram “obrigadas” a ficar fora das escolas porque estas foram, em muitos casos, fechadas a cadeado.
É claro que não estou de acordo com estas medidas ridículas do nosso governo, é claro que não concordo com o facto de um atestado médico que, caso se lembrem, pode servir para que os trabalhadores fiquem de baixa médica em casa (dada a importância que tem!), não sirva de impedimento para que os alunos tenham que fazer provas de recuperação e sejam sujeitos a medidas correctivas por parte da escola assim que lá regressem quando, afinal, ficaram em casa doentes durante um período de tempo mais ou menos longo. Mas, para mim, manifestar-me contra o regime de faltas… Faltando? Desculpem, esta forma de protesto não pega comigo (e note-se que nesse dia nem sequer tive aulas, visto que às quartas-feiras nunca tenho aulas).
Teria custado muito se os alunos se tivessem juntado aos professores na manifestação do passado sábado? Juntamente com os encarregados de educação? Acreditem que tal atitude teria feito um impacto muito maior junto daqueles que nos governam! Mas custa muito levantar o rabo da cama ao sábado, quando ainda por cima nem sequer há aulas…
Noto (sem surpresa, claro) que o teu blog está cada vez melhor. Textos de muita qualidade, um look super criativo e profissional! Parabéns!
Concordo contigo quanto à pouca eficácia de certos protestos. Também acho que teria um grande impacto se os alunos se tivessem aliado dos docentes em lx. Quanto a ser ao Sábado, este é um assunto que dá pano para mangas…
Porém, não posso deixar de me solidarizar com os alunos prisioneiros de um estatuto idiota que os deixa fazer horrores garantindo notas "grátis", quando por outro lado, lhes tolhe os movimentos, infantilizando-os e passando-lhes uma testado de estupidez. Algo vai mal no Reino da Dinamarca!
Beijinhos,
Jessi
Quinta-feira, Novembro 13, 2008 4:48:00 PM
Não tenho muito mais a acrescentar ao teu post…tens exactamente a mesma ideia que eu! A maioria nem sabia o que estava a fazer, apenas sabia que estavam todos "unidos pelos direitos do aluno". Queriam era ter direito a um dia de folga, isso sim. Na minha escola, quem queria entrar, entrava…mas estavam lá uns moços com um grande caparro com o punho no ar.
Quanto à história dos funerais, pelo que me disseram, isso é mesmo verdade. Falámos disso com a profª de Português e, pelo menos, no que toca a profs eles têm essa condicionante, neste caso na avaliação…
Tal como tu, acho idiota um aluno que falte por motivos de saúde esteja na mesma situação que um que se balde, apenas porque sim. A educação em Portugal está cada vez pior, mas eu seria a favor das greves se estas fossem feitas com decência, para lutar pelos nossos ideiais, e não apenas porque sim, porque hoje até parece um bom dia para nos baldarmos.
Quarta-feira, Novembro 12, 2008 11:07:00 PM
Como tens razão… escrevi algo parecido em Março 2006, quando houve greve aqui…
Beijo meu ♥,
A Elite
Quarta-feira, Novembro 12, 2008 8:14:00 PM
Ah, só mais uma coisa… Manifestar-me contra o regime de faltas… Faltando? Sim senhora!, ser uma mártir que, defendendo um ideal, se sujeita a punição. Maio de '68! m/
Terça-feira, Novembro 11, 2008 10:34:00 PM
Eu fiz greve, sim, mas defendi uma ideia e palimilhei muito! A minha cidade não é grande, mas dá muitas voltas!
Mas como concordo contigo…
[talvez por ser fantástico como Ornatos se adapta a tudo…]
Terça-feira, Novembro 11, 2008 10:32:00 PM