Desde que me lembro de ser gente, a minha relação com o desporto nunca foi a melhor. Apesar de o colégio que frequentava desde os 5 meses ter a prática da ginástica e da natação integradas nas rotinas do quotidiano, o meu entusiasmo com estas actividades foi quase sempre… Nulo. Assim, a frio e com convicção. Sem grande orgulho, porém.
Deixo-vos com um facto sobre mim: frequentei a natação desde os 3 aos 9 anos, voltando depois à piscina dos 15 aos 18 anos. Pasmem-se, agora: não sei nadar. Não afundo, mas sou tão trapalhona que nem conto para as estatísticas das pessoas que sabem nadar. Tenho pavor a água. Um dos meus instrutores conseguiu acompanhar a nossa selecção aos últimos Jogos Paralímpicos, mas para mim não há remédio.
Já que estamos a falar de factos, tomem lá outro: Educação Física foi a minha pior nota na escola secundária.
A relação que temos com determinada actividade depende, em boa parte, da nossa motivação. Não gosto de entrar nos desafios para perder, mas sou bem conhecedora dos meus limites e limitações. Não gosto de clichés, tampouco acho que cada um é para o que nasce: afinal, que história é esta e por que é que havemos de ter de nos conformar se ambicionamos ser/fazer mais?
Acontece que, no que concerne o exercício físico, nunca tinha tido qualquer interesse nos objectivos que me eram propostos. Detestava as constantes comparações e competições com colgas, por mais que os instrutores e professores dissessem que respeitavam os espaços e tempos de cada aluno. Não era o que estava à vista nas avaliações e eu só queria fugir destes episódios de autêntica tortura. Nunca fui especialmente flexível, arisca, ágil ou harmoniosa com os meus movimentos. Nunca fiz por ter grande força. Só queria que me deixassem ficar sossegada no meu lugar – isto ia valendo um chumbo por faltas em determinada altura, adiante.
Sucede que a vida acontece, a idade avança e entendemos que, afinal, o exercício físico faz falta.
Há quem assista ao declínio da qualidade de vida impávide e serene. Eu, perante os achaques e quilos a mais que foram surgindo, optei por ir mexer a raba. Prioridades!
O grande choque deu-se no Verão de 2021: mal conseguia pegar na Teresa ao colo (ela pesava cerca de 18kg), a minha roupa não me servia, tinha dores constantes e estava a pesar quase o mesmo que quando a pequena nasceu. Só que, desta vez, não estava grávida!
A contragosto, inscrevi-me no ginásio e comecei a frequentá-lo no fim das férias, nessa época. Fui a medo, mas com determinação.
Descobri que, no ginásio, as pessoas estão-se a borrifar para o desempenho de outres frequentadores. Há foco nos exercícios e há opções para todos os gostos. Há aulas giras, mas também há opções infinitas para fazer em sala sem (quase) ter de cruzar um olhar com quem quer que seja. Também há ajuda se precisarmos e/ou se quisermos.
E os resultados, minha gente, surgem rápido e são bons! Os sonos melhoram, a digestão melhora, o humor melhora, ficamos mais tonificades e rapidamente também notamos diferenças na forma como a roupa fica, no que vemos ao espelho e nos dígitos que surgem na balança. Creio que se toda a gente soubesse que, sim, é possível fazer actividade física de forma menos/pouco morosa e com tantos benefícios, passávamos a ir todes ao ginásio sem refilar.
Recentemente, por motivos de força maior, a prática de exercício teve de ficar em pausa por cerca de 3 meses e estava a ser um martírio ficar parada – sem estarmos à espera, aprendemos que o corpo pede movimento.
Não vale a pena culpar o metabolismo que fica mais lento com o avançar da idade. O metabolismo fica mais lento porque estamos parades e perdemos massa muscular, exigindo um menor dispêndio energético do nosso corpo. Não sou eu que digo, há artigos e estudos que o sugerem.
Querem ser velhotes de bengala e entupides em doenças e medicação? Não? Ponderem, então, dar uma oportunidade à prática de exercício físico com regularidade.
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