Sempre adorei o arco-íris. Eu e mais de meio mundo. Não há nada de estranho nisto, uma vez que é um dos bonitos presentes que a Natureza nos dá. É colorido, é uma ilusão e está associado a coisas boas e lendas de fortuna.
Eu, que sou uma pessoa alegre e que adoro cor, nunca consigo escolher uma que seja a minha favorita. Gosto de todas elas, gosto da luz, do brilho e dos contrastes. Nos últimos tempos, imaginem que até consegui ampliar o meu repertório das mais variadas coisas com arco-íris: não só por meio de DIYs, mas também porque as lojas voltaram-se para eles, lançando colecções inteiras com todas as cores. Deve ter sido uma ideia colectiva. Este ano, até o meu bolo de aniversário tinha um arco-íris; até a máscara da Teresa no Carnaval foi um arco-íris. Ainda ninguém adivinhava que, daí a uns dias, estaríamos a braços com uma pandemia que veio lá do outro lado do mundo para virar as nossas vidas do avesso.
Eis que estamos todos em casa e as crianças por todo o mundo foram desafiadas a pintar e mostrar os seus arco-íris, nas janelas e varandas, com a legenda de que tudo irá ficar bem. Esta associação entre o fenómeno natural e a pandemia tem mexido, de alguma forma, com o meu subconsciente. Como assim, vai ficar tudo bem? Não vai, e creio que já todos o concluímos a este ponto. Entre as vítimas directas da doença, aos efeitos colaterais que se traduzem numa crise sem precedentes, não podemos assumir que tudo vai ficar bem, muito menos para todos nós.
No meio disto, não é que tenho tido pesadelos com… Vocês sabem. Isso. Arco. Íris. Lembram-se de vos contar a minha história do medo do Canal 2? É algo semelhante. Sinto que sou perseguida por arco-íris. Por vezes, é como se fossem tsunamis de cor. Isto parece parvo, mas o facto é que acordo exausta e exaltada. E, bem sei, estes sonhos não significam mais do que a minha preocupação e do medo de todas estas incertezas para o futuro – o que é mais do que normal.
É certo que os dias que correm são tristes e que dão medo, mas também há esperança que é, aliás, retratada por este símbolo. E eu, que aos 30 anos tenho pesadelos com arco-íris, prefiro dizer as coisas deste modo: as tempestades não duram para sempre.