Só precisamos do que temos

compras vintage

E o resto é supérfluo.

E não venham com histórias, porque se estão a ler este blogue é porque têm um tecto, comida, roupa, conforto.

Ainda assim, podemos pensar na miséria dos outros, lá nos sítios longínquos, que embora passando graves necessidades ainda conseguem sorrir.

Não é por causa disso, no entanto, que vamos encaixar nas nossas cabecinhas que, oh meu deus, somos uns bichos pecadores sem perdão que consumimos o que podemos e o que não podemos. Consumistas, sim.

Se podemos mudar alguma coisa? Podemos e devemos.

Principalmente, também devemos pensar no próximo, seja ele o nosso vizinho ou o filhote que está para vir e ainda nem foi planeado, o esquimó que está prestes a ficar sem gelo, a senhora que está em risco de morrer à fome ou à sede numa África muito seca ou, falando em algo que paira nas nossas notícias actuais, nos milhões de pessoas que neste momento estão a sofrer no Haiti.

No entanto, também não nos podemos esquecer que se correspondemos a um determinado padrão de luxo e conforto foi porque a nossa sociedade nesse sentido evoluiu e quanto a isso nada há a fazer. Será que vocês que neste momento estão sentados ao computador a fazer trabalhos, a ler emails, a pagar contas, a espreitar os blogues e sites do costume abdicariam dele? Ou da Internet?

Será que quem tem uma máquina de lavar loiça abdicaria dela? Só não faz falta a quem não tem, porque está habituado a desenrascar-se de outra forma qualquer. E quem fala numa máquina de lavar fala noutra coisa qualquer.

Por isso, e porque a coisa está preta, convém ponderar muito bem antes de abrir a carteira.

Que podemos fazer para travar (um pouco) o consumismo?

  • Comecemos pelo mais fácil: poupar nas pequenas coisas. Percebem agora o post anterior?
  • E falando em poupar em pequenas coisas, nunca fica mal reforçar que convém pensar muito, muito bem antes de comprar até um bolinho ou chocolate. Será que precisamos mesmo deles? Não! E saem caro para a carteira e para a saúde.
  • Não olhar para anúncios. A sério! Eles fazem-nos mal, as marcas fazem-nos mal. Para além disso, tod@s nós sabemos por experiência própria como em muitos dos casos a publicidade é enganosa. Não há muitas desculpas para cair em erros, com a Internet toda a gente tem direito a falar e o que não falta por aí são críticas honestas a todos os produtos que possamos imaginar: basta procurar.
  • Criar uma wishlist pode ser uma boa ideia. Eu faço-o, prefiro esperar um certo tempo até adquirir o que quero (por vezes até saem modelos melhores e os preços descem!) mas fazer uma compra inteligente. Para além disso, com uma lista percebemos o que realmente nos faz falta e aquilo que é meramente acessório. Quando vamos às compras há também a vantagem de, desta forma, não nos dispersarmos e trazer apenas o essencial.
  • Devemos dar valor ao que temos. Vamos olhar para tudo o que nos pertence e apreciar.
  • Se já não gostarmos dos nossos haveres, temos duas hipóteses: doamos a quem goste/precise ou reciclamos. Por que não? As coisas até ficam mais bonitas só pelo valor do nosso trabalho.
  • Vamos parar de comprar. Vá, sem dramas! Os bens necessários (compras semanais para a casa, transportes, medicamentos) não contam. Por que não experimentam uma semana sem gastar dinheiro em mais nada? Vão concluir que, se calhar, andavam a gastar mais do que o necessário e que afinal conseguem perfeitamente viver confortavelmente sem algumas das coisas do costume. Experimentem cortar nos jornais, por exemplo.

Este post pode soar a tio-patinhice, mas experimentem uma coisa ou outra e vão ver como tenho razão. Olhem para vós e olhem para quem está à vossa volta.

Nós só gastamos porque temos para gastar!

E quem não tem? Já que temos, devemos gastar com responsabilidade. Temos aqui um grande desafio: será que ao poupar conseguimos realizar aquele objectivo especial? Fazer a nossa viagem de sonho? Ajudar quem precisa? Comprar aquela peça XPTO que nunca comprámos porque não tínhamos dinheiro ou achávamos muito cara?

Menos é mais.


Related Posts

Meio Ano de Abstinência

Meio Ano de Abstinência

Abstinência de compras de cosméticos por meio ano, é isso mesmo. Depois das compras que fiz na semana passada, apercebi-me que tudo o que tenho cá por casa tem de ser usado. É uma afronta ter tanta coisa e parte estar em risco de se […]

Medidas de Austeridade – Meio Ano de Abstinência

Medidas de Austeridade – Meio Ano de Abstinência

Ora bem, cá estou eu armada em Troika da cosmética. Ou há força de vontade e espírito de sacrifício (qual sacrifício?) ou então não há carteira que resista. Vícios são vícios e cá para mim não há vícios bons. Há vícios piores que outros, mas […]



10 thoughts on “Só precisamos do que temos”

  • Apenas para focalisar num dos varios pontos, fizeste-me lembrar a musica do Baz Luhrmann "Don't read beauty magazines. They only make you feel… ugly".

    Beijo meu ♥,

    A Elite

  • Sim, são alguns desses pequenos gestos que depois nos dão hipótese de fazer algo que realmente gostamos, como por exemplo uma viagem 🙂

  • É verdade, eu já estou habituada a tantos luxos (luxos comparada com as gentes da África mais pobre, os do Haiti e os sem-abrigo por ex, que não sou rica nem pouco mais ou menos) que não sei se abdicaria daquilo que tenho. Gosto de navegar na Internet, gosto de ver tv por cabo (digital, e gravar um filmezinho para ver mais tarde..), gosto de fazer compras online, etc…Mas não fumo, não bebo, não compro revistas nem saio à noite… Pronto, são opções de vida…
    A humanidade em geral olha demais para o seu umbigo (eu incluida). Olha, alguém já tinha notado que os haitianos viviam com 1 ou 2 dólares por dia? Não, mas quando a terra tremeu e morreram milhares de pessoas é que se lembraram.. não estou a criticar o facto de estarem a ajudar, óptimo que ajudam, mas só ajudam depois de isto ter acontecido. Estás a perceber o meu ponto de vista? O nosso país, à beira mar plantado, não é rico..mas tb não é pobre comparado com essas pessoas. O zé povinho ganha pouco, mas ganha o suficiente para poder comer e ter uma vida decente, dentro dos parâmetros de há 50 anos atrás. Porque a nossa geração habituou-se a esses luxos, a empréstimos bancários a cada dificuldade e a comprar o braço quando só sustentamos um dedo.. e depois estamos na desgraça que sabemos, consequência do "olho-gordo". Ah, e podiamos ter sido nós os haitianos, o sismo deles foi de 7 na escala de richter, o nosso de há uns tempos foi 6, mas o epicentro no mar..e se tivesse sido aqui ao pé?
    Bem…isto foi longo 😛
    Beijinhos!

  • Muito bem, Margarida (ainda me custa chamar-te assim…), o teu post é actualíssimo, convém mesmo ponderar nestes dias que iniciam um outro ano, nas nossas prioridades. Achei imensa graça, porque eu resolvi há uns dias parar de comprar aquilo que já tenho… LOL!
    Beijinhos para a minha menina e desejos de que continue a encantar-nos com as suas prosas

  • E o pior é que apesar do quanto a nossa sociedade evoluiu, com a quantidade de desemprego parece que a classes que estão a regredir.

    Pensamos sempre em fazer algo de bom e acabamos sempre por ir ás compras – esse é que é o problema.

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *