O tempo voa

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O tempo voa. Esta é uma percepção que ganhei algo recentemente. Não sei dizer se o peso das responsabilidades e o avançar da idade, a dita vida a acontecer, são preponderantes nesta sensação, ou se a efemeridade das coisas e a velocidade a que tudo acontece hoje em dia também têm aqui alguma quota-parte de responsabilidade.

Parece que não há tempo para hobbies, para viver com calma e à base de improvisos, mas também não conseguimos parar para planificar grande coisa porque tudo pode mudar (e muda mesmo) de um momento para o outro. O estar no aqui e no agora é um exercício exigente que requer algum rigor para as ideias não dispersarem. Por outro lado, é imperativo sermos criativos.

Sendo eu, por natureza, uma pessoa saudosista e melancólica, mas também ansiosa, tenho dificuldades (e isto é tema de terapia, com certeza) em assimilar a aparente fugacidade dos momentos que constituem uma vida. E pensar nos temas com a devida profundidade? Vou até à Fossa das Marianas e, mesmo assim, parece não ser suficiente. Como assim, o tempo voa?

Não sei em que ponto deixei de escrever puramente por gozo e em abundância. Perdi a conta aos programas divertidos que declinei porque “tenho mais que fazer”, sempre mais que fazer e há sempre algo mais prioritário que tudo o resto. Não me lembro da última vez em que pintei ou que me dediquei a algum trabalho manual criativo e desafiante simplesmente porque o tempo sobeja. Assim andamos.

A vida é boa, mas o tempo voa. Receio pensar de mais e sentir de menos o que ainda há por e para aproveitar.



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