Tirei a Carta de Condução aos 31 anos

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Nunca é tarde para fazermos algo novo. Se chegaram a este blog há pouco, o título do post pode não soar estranho. Para quem anda aqui há mais tempo, sabem que desde os 18 anos que andava a dizer que iria tirar a carta de condução. Passaram só 12 anos desde a intenção até que, finalmente, concretizei o plano.

Levei mais de uma década a passar das palavras aos actos simplesmente porque nunca havia necessitado de conduzir. Analisemos os factos: desde sempre, morei num bairro nos arredores de Lisboa muito bem servido de transportes. Mesmo em horas de ponta, levava menos de meia hora a chegar ao centro da cidade. Quando os transportes falhavam, tinha sempre boleia e não faltavam os táxis e Ubers desta vida.

Não quis tirar a carta sem ter um carro para conduzir.

Também não fazia sentido nenhum para mim tirar a carta para a guardar numa gaveta, sem ter carro para conduzir. Acho que se pedisse o carro emprestado ao meu pai, ele era bem capaz de me mandar dar uma curva. Um carro é daqueles passivos que têm de ser muito bem ponderados: desde que sai do stand, está sempre a desvalorizar e ao longo do tempo traduz-se numa despesa brutal.

Quando a Teresa nasceu, senti finalmente a necessidade de me deslocar por minha conta, com ela, de forma prática e rápida. Faço muitas vénias a quem dá voltas e voltinhas e perde horas por dia em transportes, porque eu não estava a conseguir dar conta do recado. Actualmente, andar de transportes no percurso casa-trabalho implicaria perder cerca de 3h em transportes num percurso que, mesmo com muito trânsito, não excede o total de 40 minutos. A diferença é abismal.

Inscrevi-me na escola de condução em 2018. Creio que vos contei, algures, o que sucedeu nessa altura: parece que tudo corria mal e com a carta de condução não foi diferente. Assisti às aulas de código e fui de férias. Pensava em agendar o exame de código quando regressasse, só que a escola havia entretanto fechado definitivamente. Não previa que tal sucedesse, uma vez que se tratava da escola onde todos os meus amigos e colegas do Secundário tiraram a carta de condução anos antes. Foi muito desmotivante.

Só quase dois anos depois e antes que a licença expirasse é que ganhei ânimo para me inscrever noutra escola. Lá fui eu, no início de Março de 2020. Lembram-se do que aconteceu duas semanas depois? Certíssimo, fechou tudo por causa da pandemia, iniciava-se o primeiro confinamento e, mais uma vez, fiquei com a carta pendurada.

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Agora, porém, estava em boas mãos (confiava plenamente na JC Central de Loures) e com uma mentalidade diferente, determinada a despachar este assunto de uma vez por todas. Com confinamentos pelo meio e com muito esforço, consegui ir levando as aulas avante e fui ao exame de código em Outubro do mesmo ano. Passei à primeira, foi uma conquista daquelas!

No entretanto, surgiu a oportunidade de ter um carro. Os astros estavam mesmo alinhados para que desta vez tudo corresse bem.

O real desafio veio depois: tivemos mais confinamentos, as aulas de condução ficaram muito limitadas e, como se não bastasse, sou um pé de chumbo. Sou mesmo muito descoordenada e ansiosa, e já vinha com medos por acréscimo – a noção de risco que temos aos 18 anos é diferente daquela que temos aos 30, já com mais experiências vividas. No meu caso, isto aplicava-se também ao trabalho, uma vez que já tinha passado por um emprego como gestora de sinistros automóvel e tinham passado pelas minhas mãos muitos processos bicudos.

Foi uma aventura difícil que se traduziu em tantas aulas extra quanto as que estavam incluídas no plano inicial da escola de condução. Pedi, também, para ter aulas exclusivamente com as duas instrutoras que adorava – a Adelaide e a Sandra. Foi em Julho de 2021 que fui a exame de condução e, com muito orgulho, passei. Chorei tanto de alegria. Estou longe de ser o Schumacher mas, caraças, eu conduzo!

Passaram-se poucos meses e a condução continua a ser um desafio daqueles, mas já não me mete medo nem me imagino a viver sem conduzir. Na verdade, tenho vindo a descobrir que as minhas aselhices e inseguranças são comuns a tantxs outrxs condutorxs, mesmo com muita experiência, e não é por isso que deixamos de andar na estrada. Todos os dias tenho arriscado novos caminhos que antes me pareciam impensáveis e tem corrido bem. Imaginem – calhou-me no exame o que eu considerava ser o pior percurso e agora tenho de passar por lá todos os dias…

Que isto vos sirva de exemplo: nunca se privem de experimentar coisas novas e de tentarem alcançar os vossos sonhos por pensarem que é tarde. Nunca somos velhos, não há um prazo para aprendermos e fazermos coisas novas.



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