Sobre o prazer – o que procuram os homens e as mulheres?

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Hoje decidi trazer tabus para a mesa de discussão. Está na hora de pôr as vergonhas de lado – estamos em 2022, somos todxs gente crescida que pode falar de tudo, incluindo o prazer sexual. É um tópico complexo, com muitas nuances e controvérsia à mistura. Cada um de nós tem as suas experiências, percepções, ideias e preferências e somos todxs diferentes entre nós. Dificilmente conseguiremos colocar-nos em caixinhas com rótulos.

Por outro lado, existem alguns estudos na área das neurociências que sugerem que efectivamente há um entendimento e maneiras diferentes de experienciar o prazer sexual entre os homens e as mulheres – lembram-se daquele livro do John Gray, Os Homens são de Marte, as Mulheres são de Vénus? Poderá ter o seu fundo de verdade. De uma forma geral, comunicamos de maneiras diferentes e acabamos por ter também necessidades diferentes. Será que, no fim das contas, somos assim tão diferentes?

Afinal, quem tem o cérebro no meio das pernas?

Este é um dizer preconceituoso que habitualmente se ouve dizer relativamente aos homens, mas será mesmo verdade que os homens precisam de mais sexo do que as mulheres? Serão os homens mais “visuais” que as mulheres, na realidade? Que tipo de prazer procuramos?  A indústria do sexo (e não só) parece estar desenhada para corresponder a um standard machista e bacoco, recheada de falsa virilidade – o homem surge sempre com um papel dominante. A mulher, por outro lado, surge quase sempre como uma figura submissa, disponível e atraente. Esta é uma realidade que nos é apresentada desde a tenra infância e que vai sendo perpetuada pela sociedade, pela vida fora. Surge nos mais ínfimos detalhes, desde os brinquedos inofensivos aos anúncios na televisão.

Pese embora os paradigmas estejam a mudar e já seja possível observar uma série de mudanças comportamentais na sociedade actual, continua a existir uma maior benevolência e incentivo a certos comportamentos que são vistos como naturais por parte dos homens (como, por exemplo, o recurso a múltiplas parceiras – por estes dias, soube que até é possível encontrar uma acompanhante em minutos, no anonimato da Internet e que esta situação é completamente banalizada) e que, da parte das mulheres, continuam a ter conotações muito negativas.

Os meandros da sexualidade têm muitas tonalidades de cinza e é importante não cair no erro de generalizar ou de querer impingir uma determinada atitude a um grupo de indivíduos, por muitos mitos que se possam ter gerado ao longo da história. Independentemente do género, cada pessoa deve ter a liberdade de viver a sua sexualidade de forma saudável, da maneira que mais lhe aprouver e sem lesar terceiros.

Todxs temos necessidade de viver a sexualidade em pleno

Desengane-se quem pensa que a sexualidade se resume ao ato sexual e, menos ainda, que esta é uma dimensão da vida apenas restrita aos homens. Podemos gostar mais de algumas coisas que de outras, para alguns os estímulos visuais são suficientes/mais importantes; há quem precise de um estímulo mais intelectual. Há quem esteja mais voltado para os afectos, outrxs para envolvimentos mais físicos e carnais. Somos todxs diferentes e está tudo bem.

O importante, na realidade, é que exista comunicação – não só com os nossos pares mas também em comunidade, em prol de uma sociedade mais sã e mais consciente de que há denominadores comuns nas vidas de todos nós, que são naturais e que têm de ser desmistificados. Felizmente, já vão existindo alguns canais, perfis e profissionais que ajudam a trazer a temática da sexualidade à baila de uma forma ligeira e acessível.

Afinal, os homens e as mulheres podem não ser assim tão diferentes quando o tema é prazer – eu acredito que somos mais parecidxs do que pensamos, mas só o descobrimos a conversar. Acima de tudo o resto, não devemos deixar que os outros nos toldem o pensamento, devemos desfrutar do que somos, queremos e gostamos e ter em conta que o prazer e a sexualidade não se limitam ao acto sexual.


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