Dar é uma Dádiva

dar sangue

Há já algum tempo que andava a ponderar ser dadora de medula óssea.

Ainda não se tinha proporcionado tal acção porque, para ser sincera, não estava bem esclarecida sobre o processo e não sabia sequer onde tinha que me dirigir para fazer a inscrição no banco de dadores de medula óssea.

É uma vergonha, bem sei, mas em vez de ir pesquisar sobre o assunto, limitei-me a uma terrível ignorância que quase me levava a pensar que a dádiva de medula óssea era como a dádiva de sangue, em que a colheita é feita na altura em que nos dirigimos aos locais de colheita, e que era bastante arriscada para a minha saúde, pois tinha a ideia de que a extracção da medula era feita a partir de ossinhos frágeis da coluna vertebral.

Na aula de Biologia estamos a aprender coisas sobre mutações e cancros e, ao falarmos na leucemia, calhou em conversa entre a turma e a professora o tipo de tratamentos a que são submetidos os doentes leucémicos e, consequentemente, falámos sobre os transplantes de medula.

Tal como eu, havia várias pessoas com dúvidas sobre este assunto, que foram esclarecidas pela professora Sarita, que até nos disse os hospitais onde nos podemos dirigir para nos tornarmos dadores de medula óssea. Um dos hospitais calhava-me em caminho, porque tinha assuntos para tratar lá. Assim sendo, juntei o útil ao agradável.

Fui ao Centro de Histocompatibilidade do Sul (CEDACE), no Hospital Pulido Valente.

Se ao chegar ao CEDACE ainda havia espaço para caberem em mim algumas dúvidas e incertezas, rapidamente fiquei à vontade ao ler o panfleto informativo que o segurança do pavilhão me forneceu, seguido de um inquérito simples que tive que preencher com dados relativos à minha saúde.

De seguida, tive que aguardar até que uma senhora que era médica, enfermeira, ou qualquer outra coisa relacionada com as técnicas de saúde e análises me chamasse para recolher uma pequena amostra do meu sangue para analisar e, caso esteja tudo bem, introduzir os meus dados na base de dados de dadores de medula óssea.

Não saí do CEDACE mutilada ou coisa que o valha, pelo contrário! Saí de lá feliz por saber que posso salvar uma vida: se algum doente precisar da minha medula, os médicos entrarão em contacto comigo para que se façam mais análises que servem para comprovar que a minha medula é mesmo compatível com medula do doente.

Passada essa fase, podem recolher as células de que precisam a partir do meu sangue (como quando vamos doar sangue!), e devolvem o meu sangue à corrente sanguínea ou, noutros casos, tenho que ser sujeita a uma pequena intervenção cirúrgica para, com umas agulhas especiais (não se sente nada, o dador é anestesiado), retirar a medula dos ossos da bacia, que irá recuperar nas duas semanas seguintes ao procedimento.

Dêem vocês também este contributo para a sociedade, salvem vidas!


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10 thoughts on “Dar é uma Dádiva”

  • Eu também já me registei como possível dadora de medula óssea e não custa mesmo nada 🙂

    Em resposta à Jessi, hoje em dia não existe apenas o método de retirar directamente a medula dos ossos esponjosos de onde se retira as células da medula. Existe um processo em que apenas se toma uma injecção (contendo uma substância biológica que já existe no nosso corpo) para favorecer o crescimento mais rápido das células necessárias e o procedimento da recolha dessas mesmas células é feita através de uma espécie de filtração do sangue onde se recolhem apenas as células necessárias. Quem não quiser não necessita de espetar agulhas nos ossos. 😉

    Sexta-feira, Junho 26, 2009 9:23:00 PM

  • Eu sangue não posso porque tenho menos de 50 kg… provavelmente para doar medula tem as mesmas restrições não?

    Sábado, Fevereiro 21, 2009 3:48:00 PM

  • Obrigado pela informação!

    Que todos ganhem consciência da importância da temática!

    ^^

    Terça-feira, Fevereiro 17, 2009 12:40:00 AM

  • Eu aproveitei uns dias de férias do mês passado para me inscrever como dadora.

    Fui ao H.S. João, não doeu nada, as pessoas informam sobre tudo o que for preciso!

    Bj

    Terça-feira, Fevereiro 10, 2009 9:27:00 AM

  • My God, girl, what you did is a mix of citizenship with amazing"hood", parabéns!

    Beijo meu ♥,

    A Elite

    PS: e parabéns, tb, pelos 4 meses, of course!

    Segunda-feira, Fevereiro 09, 2009 8:56:00 PM

  • Eu achei maravilhoso este post! Uma ótima lição de cidadania…Numa época de tanto egoísmo uma ação tão ínfima pra um saudável é tão grandiosa para um enfermo!

    p.s: As suas músiquinhas são ótimas! Beijos!

    Segunda-feira, Fevereiro 09, 2009 8:42:00 PM

  • Muito informativo, parabéns!. Já há algum tempo que penso em ser doadora.
    Eu não tenho medo nenhum de dar sangue, mas esse aspecto de tocar em ossos da bacia assusta-me um bocadinho! Seria bom publicar entrevistas com doadores e saber como foi a experiência! Vou meditar no assunto…
    Afinal, temos de ser uns para os outros!

    Beijinhos

    Segunda-feira, Fevereiro 09, 2009 10:06:00 AM

  • eu gostva de dar sangue mas nao me deixam pk nao tenho 50kg ;(
    eu preferia matA a isto eu ate gostava das funçoes e das derivadas se precisares de cabulas pa calc diz =P, so nao gostei das probabilidades.
    eu principio se 6tdo correr bem vai dar pa ir

    beijinho****

    Domingo, Fevereiro 08, 2009 5:30:00 PM

  • Falta-me a coragem.
    Tenho uma mega-estúpida-fobia a agulhas.

    Mas ainda hei-de conseguir doar sangue. Pode ser que assim consiga ultrapassar a dita estúpida.

    Domingo, Fevereiro 08, 2009 1:20:00 AM

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